terça-feira, 25 de agosto de 2009

Pensamentos do estilista Jum Nakao

"Era importante eu realizar um trabalho questionando o conteúdo, o conceito por detrás da forma. Materializar um trabalho que, mesmo destruído, rasgado, permanecesse vivo na memória das pessoas."
(...)
"O mundo não precisa de mais roupas: precisa de pessoas melhores. Mas como transformar as pessoas? Acredito que o caminho seja a educação e a cultura. Em moda somos todos muito iletrados, alfabetizados apenas no sentido de sermos consumidores, mas totalmente sem capacidade de leitura e interpretação. Existe uma grande diferença entre alfabetizar e educar. Tenho me dedicado à esta educação, pois de que adianta poesia se a escrita não é compreendida? Continuo participando ativamente da moda como professor, palestrante, ministrando workshops, prestando consultoria a empresas de diversos setores e a convites de museus, fundações e instituições realizando exposições no Brasil e, principalmente, no Exterior."
(...)
"Acredito que a experiência artística é a relação que transcende a obra e observador. É o rompimento de barreiras e de pressupostos, onde se joga um jogo sem regras, limites, convenções e, então, a transformação acontece. A obra em si é a materialização de conceitos, interface entre o inefável e o real. Ela é palpável, e contém um sentido. Mais do que palavras soltas, frases sem sentido é necessário soprar um pensamento. A integração entre o espectador e a obra é fundamental. Sem esta integração a obra não existe. Por isto faço "uso preciso do vago" como já dizia Ítalo Calvino, onde a individualidade encontra seu espaço. Prefiro esta relação com o objeto inacabado, com o saber."
(...)
"Mexer com os sentidos, despertar, estimular reflexão são necessários para que uma obra exista. Sem esta reação a obra não acontece. Os trabalhos interagem com o indivíduo, com o seu olhar, com o seu repertório, daí a palavra refletir. A obra é a relação com o espectador. A forma como criamos esta relação não é estática, pois acreditamos que nada o é. Por isso caminhamos sempre em busca de novas formas. Podemos ser sutis nos nossos atos, porém a dimensão de sua significância é dada pelo receptor, que atribui um sentido pessoal e único para o estímulo que propiciamos aos seus sentidos. Não somos mais os responsáveis por surpreendê-los e sim a sua própria consciência."

Para ver a entrevista completa:
http://www.clicrbs.com.br/especial/sc/vidafeminina/19,0,2626300,Moda-criatividade-e-design-o-mundo-do-estilista-Jum-Nakao.html

Para ver um pequeno filme sobre a obra do autor ...
É bem legal ver que usa aquele redilhado que fizemos em papel para criar os vitrais!
http://www.rodadamoda.com/video.php?id_video=685

E para saber mais sobre o artista:
http://www.portaisdamoda.com.br/glossario-moda~biografia+de+jum+nakao.htm

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Pensamentos de Ibere Camargo

"Todo criador é um Pedro Álvares Cabral. A lenda chinesa ensina que a espontaneidade - Tchuang-tseu desenhou um siri num abrir e fechar de olhos - exigiu de Tchuang-tseu anos e anos de aprendizado e observação da natureza, que, como se sabe, é a fonte do conhecimento. O exemplo do mestre chinês foi há muito esquecido pelas gerações. Hoje, predomina a pressa..."
(...)
"As coisas estão enterradas no fundo do rio da vida. Na maturidade, no ocaso, elas se desprendem e sobem à tona, como bolhas de ar. Como se vê, a criação se faz com o agora e com o tempo que recua. O pintor cria imagens para expressar seus sentimentos. Estes podem ser do real ou formas abstratas, pouco importa. Creio que sua criação e duração na obra do artista são determinadas pelo subconsciente."
(...)
"Não há um ideal de beleza, mas o ideal de uma verdade pungente e sofrida que é a minha vida, é tua vida, é nossa vida, nesse caminhar no mundo. "
(...)
"E a resposta não foi dada.
A vida dói... Para mim, o tempo de fazer perguntas passou. Penso numa grande tela que se abre, que se oferece intocada, virgem. A matéria também sonha. Procuro a alma das coisas. Nos meus quadros o ontem se faz presente no agora. A criação é um desdobramento contínuo, em uníssono com a vida. O auto-retrato do pintor é pergunta que ele se faz a si mesmo, e a resposta também é interrogação. A verdade da obra de arte é a expressão que ela nos transmite. Nada mais do que isso!"

Veja o texto na integra no site http://www.iberecamargo.org.br/content/artista/pensamentos_02.asp